construções populares
“A busca por tecnologia é positiva. Ela vai permitir que a obra seja mais rápida, o que ajuda a reduzir o déficit habitacional, e com baixo desperdÃcio de material, o que influencia nos custosâ€, comenta o diretor técnico da Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab), João Carlos Vianna.
Custo adequado
Nos editais dos programas para habitação de interesse social, o custo do metro quadrado pago ao construtor é de cerca de R$ 1.100. “Para atender o preço exigido, não conseguirÃamos construir no sistema convencional. Começamos a estudar sistemas inovadores, mais industrializados, que exigissem menos mão de obra e fossem mais rápidosâ€, conta Waldemar Trotta Júnior, sócio da Trocon Engenharia.
A empresa está erguendo o conjunto habitacional Cidade de Padova, em área entre os bairros Tatuquara e Campo de Santana, com o sistema de paredes de concreto.
O uso desse tipo de sistema não está restrito à s habitações para baixa renda, mas é o nicho onde a industrialização mais se desenvolve. “Por aliar preço baixo da construção e mão de obra, que é escassa, as obras industrializadas são o futuro para casas e conjuntos habitacionais popularesâ€, comenta Ivanor Fantin, consultor do Sinduscon-PR, o sindicato da construção civil paranaense.
Multiplicação
Na construção popular, a repetição é chave para a eficiência. Como os sistemas industrializados criam uma espécie de linha de montagem na obra, a fórmula é perfeita. “Nas casas para população de baixa renda, o projeto das unidades é semelhanteâ€, observa Alex Maschio, gerente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) na região sul.
“No sistema de parede de concreto, por exemplo, são necessárias formas de aço para erguer paredes e lajes com determinado tamanho. Como essas medidas vão se repetir muitas vezes, o investimento nas formas compensaâ€, explica Maschio.
No Tatuquara, a Trocon Engenharia está construindo 880 unidades pelo sistema de parede de concreto. “A mesma forma de aço vai ser usada 300 ou 400 vezes. Por isso o custo inicial da tecnologia compensaâ€, diz Waldemar Trotta Junior.
Tecnologia vai levar à especialização
A redução da mão de obra em sistemas construtivos racionalizados não vai afetar o número de vagas de trabalho no setor, dizem os especialistas. O engenheiro Ivanor Santin, consultor do Sinduscon-PR, lembra que a escassez de trabalhadores foi um dos fatores responsáveis pelo avanço da tecnologia na construção. “Quando a industrialização chegar a todo tipo de obra, não haverá redução de vagas e sim, especialização em cada método construtivoâ€, defende o engenheiro.
Embora mais adequados à s habitações populares, os sistemas industrializados vão chegar aos canteiros de obras das edificações convencionais. “A tecnologia estará cada vez mais presente nos projetos com maior nÃvel de personalização e na construção em escalas menores. O mercado está em adaptaçãoâ€, diz Santin.
VariedadeConheça alguns sistemas usados em habitações populares:
Divulgação/Cohab
• Parede de concreto: a estrutura e a vedação são formadas por um único elemento, a parede de concreto moldada in loco. A parede é cimentada na própria obra, escorada por placas de aço. Nela podem também ser incorporadas instalações e esquadrias. Permite planejamento completo e detalhado da obra, inclusive com a quantidade de argamassa utilizada.
• Woodframe: utilizado pela rede iVerde, ligado à empresa TecVerde, na construção de conjunto em Pelotas (RS). As unidades são montadas com placas pré-fabricadas que utilizam madeira e outros componentes. Nessa obra, 280 casas populares de 45 metros quadrados têm custo médio de R$ 27 mil cada. Outros contratos com a iVerde estão em andamento no Paraná e no interior de São Paulo.
• Alvenaria estrutural com blocos de concreto: a estrutura e a vedação do edifÃcio são executadas simultaneamente. Os blocos de concreto são responsáveis pela estrutura da edificação. Permite construir muros, residências, edifÃcios de diversas alturas, hipermercados e indústrias.
• Revestimento de argamassa: subsistema que recobre uma superfÃcie porosa com uma ou mais camadas superpostas de argamassa, com espessura normalmente uniforme, resultando em superfÃcie apta a receber o acabamento final. • Steelframe (foto): construção em quadros de aço leve, fechado por chapas prontas de alvenaria.
• Plástico de engenharia: utilizado pela MVC Building, empresa de São José dos Pinhais. A montagem das casas é feita com painéis pré-fabricados, também com o sistema de montagem in loco. As placas saem da fábrica prontas para receber tubulação, dutos, portas e janelas.
Fonte: Redação, ABCP, Erivelto Mussio (gerente de engenharia da MVC Building) e Lucas Maceno (Rede iVerde).
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